Pink money é um termo para o poder de compra e de movimentação financeira da comunidade LGBTQIAP+.
“Parte dela compreende um nicho com grande potencial de compra, fazendo com que as empresas direcionem campanhas e mercadorias especificas para atrair a este público”, resume a líder do Grupo de Pesquisa Laboratório de Estudos em Gênero, Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos (LEGS) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) Adriana Lemos.
Segundo o doutorando do Programa de Pós-graduação em Enfermagem e Biociências da UniRio Douglas Dias Duarte, o pink money movimenta cerca de 420 bilhões no Brasil por ano, de acordo com a Associação empresarial global Out Leadership.
“Outro dado que legitima o pink money no país é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017) que evidencia que casais homoafetivos possuem renda 65% maior que casais heterossexuais e também têm menos filhos”, acrescenta.
O que é pinkwashing?
Acadêmico de enfermagem da UniRio e membro do LEGS Roneyson Rodrigues da Silva explica que o surgimento do termo pink money data da década de 1960 na Califórnia, Estados Unidos. Com o crescimento da população LGBTQIAP+ na localidade, tornou-se uma gíria local. “Atualmente, pink money, refere-se não só apenas ao poder aquisitivo de pessoas LGBTQIAP+, mas também se relaciona à indústria, inovações, comercialização de produtos e serviços destinada a esse grupo, com sua participação efetiva ou não. O que era um pequeno nicho se tornou um mercado aquecido e disputado”, lembra Silva.
Com o crescimento, alta demanda e visibilidade, iniciou-se um processo de críticas por parte deste público por não ter participação efetiva.
“Ou seja, identificaram anúncios com frases de efeito vazias, apelativas, e sem comprometimento com a comunidade, sem investimento, sem representatividade e oportunidades à comunidade LGBTQIAPN+, com foco apenas em marketing”, acrescenta.
Assim, essa “má conduta em pink money” ganhou o nome de pinkwashing, que é o ato de empresas e personalidades realizarem publicidade com temas de diversidade, a fim de, melhorar sua própria imagem, entretanto, sem apoiar de maneira verdadeira as causas e lutas LGBTQIAPN+.
A seguir, confira 7 dúvidas esclarecidas sobre pink money.
Como é possível definir o termo pink money ?
“Basicamente, é a aquisição e movimentação financeira da comunidade LGBTQIAP+. É o poder de compra deste grupo”, sintetiza Lemos.
O que é pinkwashing e sua diferença para o pink money?
Pinkwashing, é como empresas e personalidades realizam publicidade para captar dinheiro deste grupo, a fim de melhorar sua própria imagem. Entretanto, sem apoiar de maneira verdadeira as causas e lutas LGBTQIAP+.
Quais são os principais setores ou indústrias que se beneficiam do pink money?
“Os mais diversos, com destaque para o ramo da moda, turismo e audiovisual”, lista Duarte. Segundo o ele, em 2022, o Instituto Locomotiva divulgou uma pesquisa que dizia que 15% da renda do turismo internacional vem do turismo LGBTQIAP+ e ainda apontou que 30% deste é mais rentável do que o convencional.
“Essa população viaja quatro vezes a mais que a média, com agenda mais flexível, já que a maioria não está presa ao calendário escolar, por exemplo, podendo aproveitar as baixas temporadas”, analisa Duarte.
Quais são as estratégias mais eficazes para atrair e reter clientes que fazem parte do mercado pink money?
“Representatividade, investimento nas causas e movimentos LGBTQIAPN+”, ressalta Silva.
Por que é necessário discutir pink money?
É comum que grandes empresas e marcas lançarem campanhas publicitárias cheias de frases de efeito juntamente com a bandeira LGBTQIAP+, sem se comprometerem com essa comunidade.
“Portanto, faz-se necessário possuir letramento no que tange pink money para não apoiar empresas que não possuem interesses verdadeiros na comunidade e em seu desenvolvimento social”, justifica Silva.
Como as empresas podem evitar cair na armadilha do pinkwashing e garantir que suas ações sejam genuínas e respeitosas com a comunidade LGBTQ+?
Oportunizando lugar, emprego e desenvolvimento para pessoas LGBTQIAP+. Investir o pink money em programas sociais de proteção a essas pessoas em vulnerabilidade, além de, apoiar a comunidade em suas causas.
Como o consumidor pode avaliar um serviço para não cair em pinkwashing?
“O consumidor deve conhecer as empresas, por exemplo, procurando saber se elas empregam pessoas da comunidade, se há comprometimento com as causas desta ou só fazem marketing por ocasião do mês do orgulho gay, por exemplo”, orienta Silva.
“Cabe destacar, que para além de estratégias de markting, as empresas devem promover uma maior inclusão deste grupo ao mercado de trabalho e políticas sociais em geral, sobretudo para população trans, que ainda não tem acesso a direitos básicos”, finaliza Lemos.
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