O etarismo é a discriminação ou preconceito baseados na idade, especialmente contra pessoas com mais de 40 anos e idosos. Ele resulta em tratamento injusto e marginalização dessas populações.
“O etarismo é lidar de uma forma indevida com a questão da idade alheia e com a própria. Não é apenas não gostar de gente velha, como muita gente imagina, mas atribuir incapacidades onde não tem em função da idade de uma pessoa”, resume Luís Baron, presidente da ONG Eternamente Sou.
Esse preconceito pode se manifestar de várias maneiras na sociedade, como recusa de emprego com base na idade, estigmatização dos idosos em mídias de massa, piadas depreciativas e exclusão social. Essas atitudes contribuem para a criação de um ambiente hostil para os idosos, limitando suas oportunidades e contribuições.
“Não se acredita que uma pessoa velha seja produtiva ou mesmo tenha sexualidade”.
Além disso, há uma questão estética em que o jovem é tido como parâmetro de beleza e em oposição à velhice.
“Há ainda graduações de pessoas velhas, que acarreta maior ou menor preconceito. Quem tem 60 anos hoje é considerado um velho jovem. Pessoas de 70, 80 e 90 anos são consideradas muito velhos”, lembra Barón.
Quais as causas do etarismo?
Elas são multifatorias e podem incluir o medo da própria mortalidade, a falta de compreensão das contribuições dos idosos em sociedade e a busca pela juventude como estilo de vida e parâmetro de estética.
“Ficar velho é uma coisa da modernidade, já que até pouco tempo as pessoas morriam antes dos 50 anos. Para completar, o etarismo não é algo do nosso tempo: pós-revolução industrial, quem deixava de produzir já era considerado velho e incapaz”, contextualiza Barón.
O etarismo provoca diferentes impactos na pessoa idosa, incluindo na sua autoimagem e saúde mental.
“A pessoa está vivendo e, ao fazer 60 anos, ela passa a ser considerada idosa e é colocada no mesmo balaio que outras tantas pessoas. É como se o etarismo retirasse sua individualidade e subjetividade. Você deixa de ser uma pessoa com seus desafios e potencialidades singulares”, exemplifica Barón. Segundo ele, entender-se como pessoa idosa também é desafiador porque há um preconceito internalizado. “É uma questão cultural: a juventude é moeda de troca importante atualmente porque abre portas. A pessoa é procurada e desejada. Tanto que a juventude é almejada como estilo de vida. Perder tudo isso é complexo”, pontua.
Impactos do etarismo
O fenômeno também impacta na inclusão social de idosos ao criar barreiras para sua participação plena na sociedade.
“O etarismo fecha portas. Você se sente desconfortável em ir a determinados lugares, não se sente acolhido.Mas, claro, há também variações de gênero, classe social, raça e etnia, que podem fechar mais ou menos portas para a pessoa idosa”, enfatiza.
A constante exposição a estereótipos negativos pode levar à internalização de pensamentos depreciativos, resultando em baixa autoestima, depressão e ansiedade entre os idosos.
“Muitos das suas pessoas queridas morreram, o que já inicia uma solidão. Você começa a receber um tratamento da sociedade que era diferente até então, sendo que não perdeu as características que tinha na sua juventude vida adulta. Elas estão todas lá”, descreve o presidente da Eternamente Sou.
Como combater o etarismo?
Combater o etarismo requer uma abordagem abrangente e que inclua educação sobre o envelhecimento, falar sobre a morte de maneira honesta, promoção de representações positivas na mídia e políticas que proíbem a discriminação baseada na idade.
Além disso, promover interações entre pessoas de diferentes gerações e valorizar as contribuições dos idosos ajuda a desconstruir estereótipos.
“A sexualidade também é um grande combatente do etarismo. Trazer a luz sexualidade das velhices ajuda a ver a pessoa idosa como potente, humana e com energia”, opina Baron.
Imagem: Wepick