A gordofobia é o preconceito e a discriminação dirigidos a pessoas com excesso de peso ou gordas. Ela está apoiada em padrões de beleza bastante restritos, que estipulam que apenas corpos magros são atraentes, desejáveis e socialmente aceitos.
Contra o problema, séries e filmes têm desempenhado um papel importante na desconstrução dos estereótipos negativos vinculados às pessoas gordas, promovendo a aceitação da diversidade de corpos. Neles, personagens gordos são mostrados como indivíduos completos: com personalidade, sonhos, desafios e conquistas.
“Para se combater a gordofobia, não basta somente falar sobre ela, mas também tratar as pessoas gordas de uma forma natural, normalizando esses corpos”, aponta a comunicadora Flávia Durante.
“Representações mais positivas na mídia ajuda a desmitificar todo o peso e a carga negativa que as pessoas gordas recebem, por exemplo, que dizem que elas são preguiçosas, doentes e incapazes”, completa.
Muitos dos filmes com pessoas gordas trazem narrativas de empoderamento e autoaceitação, com personagens abraçando e construindo uma relação amorosa com suas identidades e corpos. Também ajudam a abordar temas sensíveis relacionados à gordofobia, como o impacto na saúde mental, os desafios enfrentados no acesso a roupas e espaços públicos, e a pressão social para atingir padrões inatingíveis de beleza.
Representatividade positiva
Outro benefício é a representatividade, que permite que pessoas com corpos diversos vejam a si mesmas nas telas. Porém, preciso atenção quanto à qualidade dessa representatividade, como adverte Durante.
“Recentemente, o audiovisual começou a incorporar personagens gordos. Porém, tudo era levado para o estereótipo de validação da beleza: a gorda que depois, em um certo momento, virava modelo plus size. Como se uma pessoa gorda só pudesse existir se fosse bonita, dentro de um padrão de modelo plus size”, analisa a comunicadora.
“Em outros casos, havia a gorda que é a amiga da protagonista, nunca a personagem principal; o bonachão, que é um alívio cômico para a narrativa ou os vilões”.
“Assim, é importante ressaltar que não basta ter uma pessoa gorda na narrativa, mas questionar se ela está trazendo uma representatividade bacana. É fundamental que as pessoas gordas sejam tratadas como personagens, como uma empresária gorda, uma princesa gorda etc.”, enfatiza
Conheça, a seguir, 5 filmes e séries com representações positivas de pessoas gordas e que ajudam a combater a gordofobia.
Patty Cake$ (2017)
Patricia aspira atingir o sucesso como rapper, contando com o apoio dedicado de sua melhor amiga e de sua carinhosa avó. Juntas, elas enfrentam todas as adversidades que surgem ao longo de sua jornada. “O filme é sobre uma menina gorda que tenta se firmar no mundo do rap. Só que ser gorda não é uma questão central, mas transversal”, explica Durante.
Série Shrill (2019)
Annie é uma jovem jornalista que está determinada a mudar sua vida sem precisar modificar seu corpo. A série acompanha sua relação com amigos, família, pretendentes e dela consigo.
Série Crazy Ex-Girlfriend (2015)
Rebecca Bunch deixa seu emprego em um escritório em Nova York quando reencontra seu ex-namorado Josh Chan, que mora em Los Angeles. Entre as personagens que possuem destaque na trama está Paula (Donna Lynne Champlin).
“Ela é uma personagem gorda, bem resolvida, feliz e sua história na série não é sobre o seu peso”, adianta Durante.
Filme Rainhas do Crime (The Kitchen, 2019)
Opção de filme com uma mulher gorda tendo protagonismo. Em Nova York, na década de 70, três esposas de mafiosos passam a chefiar os negócios locais após seus maridos serem presos.
Filme Barbie (2023)
Após ser banida da Barbieland devido à sua aparência menos perfeita, Barbie embarca em uma jornada pelo mundo humano em busca da verdadeira felicidade. Na trama, a atriz Sharon Rooney interpreta uma Barbie plus size e mostra que pessoas de corpos diversos podem encarnar a boneca mais conhecida do planeta.
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