O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a maneira como algumas pessoas percebem e interagem com o mundo ao seu redor. Essas diferenças podem causar desafios na comunicação e na socialização.
Assim como acontece com qualquer pessoa, autistas podem de deparar com problemas de saúde mental em algum momento da vida, como ansiedade e depressão. Oferecer apoio a elas, porém, pode ser desafiador porque suas necessidades de comunicação e interação são diferentes, exigindo uma abordagem personalizada e sensível.
Além disso, ao fornecer apoio, é importante evitar fazer suposições com base nos comportamentos, necessidades e preferências que seriam comuns a pessoas sem autismo.
Para acolher pessoas autistas com problemas de saúde mental, listamos 9 orientações retiradas da cartilha Prevenção do suicídio na população autista: sinais de risco e recursos para acolhimento, de Lisa Morgan e Brenna Maddox. Confira!
1. Simplifique as perguntas
Use menos palavras e seja claro e direto. Por exemplo, em vez de perguntar: “como você está se sentindo esta noite?”, pergunte: “você está bem?”. Ou ainda, em vez de perguntar: “por que você está ligando?”, opte por “o que você quer me dizer?”.
2. Evite usar metáforas
Um traço do autismo é o pensamento literal, ou seja, de considerar palavras e expressões em seu significado exato, sem interpretar ou acrescentar significados simbólicos. Assim, o uso de metáforas pode causar confusão. A metáfora é uma figura de linguagem que compara uma coisa a outra, por exemplo: “ela é uma flor” ou “ele tem coração de pedra”.
3.Não utilize alegorias
Assim como as metáforas, as alegorias vão contra a literalidade do pensamento de algumas pessoas autistas. As alegorias são quando uma história, personagem ou imagem é utilizada para simbolizar algo mais amplo, possuindo um significado oculto. Um exemplo é “Alegoria da Caverna” de Platão, em que prisioneiros acorrentados em uma caverna assistindo suas sombras projetadas na parede representam a humanidade presa em uma realidade ilusória.
4. Não recorra à gíria
São palavras ou expressões informais usadas nas conversas do cotidiano. Exemplos são: “cair fora”, “tá ligado”, “rolar” “ranço”, entre outras.
5. Dê tempo para a pessoa autista processar pensamentos e escolher palavras
Se a pessoa autista permanecer em silêncio por um período, ela pode estar refletindo sobre a discussão ou a situação. Assim, o ideal é perguntar se ela continua atenta, mas respeitando a sua necessidade de processar o que foi falado.
Ao invés de perguntar: “oi! Você está aí?”, você pode dizer: “estou aqui. Fale quando estiver pronto”. Se a conversa ocorrer por ligação ou mensagem, informe que você está à disposição e que ela pode responder “sim” ou “não” se quiser ajuda.
6. Ajude a direcionar o pensamento para algo positivo
Uma maneira de ajudar a pessoa autista a mudar o seu foco para pensamentos positivos é falar sobre alguma coisa da qual ela gosta, caso ela tenha um interesse especial por algo em específico.
Em vez de perguntar “o que você gosta de fazer?” diga “o que é mais especial para você?” ou “você pode compartilhar uma coisa que você ama?”.
7. Fale usando palavras lógicas, não emocionais
Falar logicamente significa não enfatizar a emoção na comunicação. Para uma pessoa com autismo, os fatos e a lógica facilitam a compreensão, enquanto a expressão da emoção pode dificultar o entendimento do que se quer expressar. Por exemplo, uma pessoa autusta poderia não usar palavras como “assustador” e “tristeza” para descrever uma experiência traumática como um incêndio em casa, optando por frases mais factuais, como: de que forma o fogo começou? Todo mundo saiu?
8. Caso queira distrair a pessoa autista, explique
É comum querer acolher quem está passando por ansiedade por meio de distrações como assistir televisão, dar uma volta ou tomar um chá. Isso, porém, podem não ter sentido ou não ter efeito para pessoas com autismo. Caso deseje seguir por esse caminho, explique a razão dessas estratégia. Isso pode ajudar a pessoa autista a entendê-la e decidir se quer aderir ou não.
9.Elabore um plano de segurança e de rede de apoio
Você pode ajudar a pessoa autista a elaborar um plano de segurança após o fim do acolhimento. Pergunte se eles possuem alguém para ligar, conversar ou que possa lhe fazer companhia. Outra alternativa é ajudá-la a se conectar com grupos de apoio.
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